quarta-feira, 4 de setembro de 2019


Mega mico, hoje no Minashopping. Perguntei pelo banheiro adaptado, a moça da segurança me encaminhou.
Cheguei na porta onde se lia: EXCLUSIVO PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS.
Como eu só pretendia um xixi, já latejante, pensei: xixi, ao que eu saiba, não é nenhuma necessidade especial, mas encarei ali mesmo.
Aperto um botão, uma voz vinda do além pergunta o que foi. Só quero entrar no banheiro, disse eu, já temeroso com os efeitos deletérios daquela demora. Um estalo, e a porta se abre.
Ufa! Entrei. Aliviei. Lavei as mãos e fui abrir a porta. Digo, tentar. Empurrei, sacudi e nada.
Como não era muito sedutora a perspectiva de passar ali minha noite, embora estivesse até cheirosinho e com musica, não resisti à tentação de testar um botão, ao lado do vaso, contornado pela inscrição EM CASO DE EMERGÊNCIA, ACIONE O BOTÃO. Achei que era o caso, e mandei o dedão. Pra quê... seria menos traumático ter passado lá uma noite semi-tranquila.
Um alarme ensurdecedor invadiu aquela área do shopping. Juntou algumas pessoas, uma tensão se espalhava no ar.
Foi quando o rapaz da faxina, acompanhado por dois seguranças, abriu a porta por fora. Eu, mais assustado que eles saí de fininho, olhando pra trás, com aquela cara de “tá acontecendo alguma coisa ali, alguém tem ideia do que seja?”
Ainda demoraram um pouco a desligar o alarme escandaloso, e as pessoas tomaram rumo. E eu ali, disfarçando.
Foi quando o rapaz da limpeza me chamou baixinho, do alto de sua humildade, e me pediu para entrar no banheiro em sua companhia.
Com carinho e compaixão por meus cabelos brancos, me explicou didática e singelamente:
- da próxima vez, basta o senhor apertar esse outro botão, aqui ao lado da porta, que ela abre.
Mais não disse, e nem carecia. Recolhi-me à minha insignificância, e fui tomar um café expresso duplo. E pedi que fosse bem forte. Só pra ver se eu acordava daquela vergonha.
Bem feito pra mim. Quem mandou achar que não tinha necessidades especiais? Bobeira é deficiência.

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