sábado, 8 de agosto de 2009

Um cara legal!!!

Saindo em cautelosa defesa do presidente venezuelano, Hugo Chávez, o ministro Celso Amorim, em entrevista recente, lembrou-se de frase do mestre Millôr: "O fato de eu ser paranoico não significa que não esteja sendo perseguido". Agarro-me à máxima do mestre, e vou viajando na maionese, como se, em outras e melhores palavras, ainda millorianas, eu me lembrasse que "livre pensar é só pensar". E lá fui eu...

O tema é a gripe suína, o paranóico sou eu. Tenho olhado e me postado no mundo com inaudita desconfiança. É notícia rolando pra todo lado, e eu tentando me esquivar do fato de entrar no grupo de risco por três portas diferentes: obeso, terceira idade e um sistema respiratório em crise de auto-estima. Sem exagerar, se é que consigo, faço-me em prontidão para o eventual enfrentamento. É uma luta diante da qual me sinto como um gladiador talvez se sentisse, sem causa nem intenção, sabendo que a derrota pode me levar a sair arrastado da arena, como um touro abatido na tarde espanhola. Já surdo aos olés que comemorariam minha queda.

Ano passado o Helano, primo querido, perdeu sua amada Suzana. Ela resistira longamente e com garra às maldades de um câncer implacável. Bonito, forte, saudável, ótimo caráter, afável, 3 filhos, uma neta, aos 54 anos, sempre louvando as lembranças do grande amor, o primo Helano foi reconstruindo sua vida.

Seu pai, Zé Saturnino, fazendeiro e médico que nunca oficiou, era meu tio, patriarca do lado materno de minha ascendência. Morreu em meados desse julho recente, aos 97 anos, após longa temporada acamado em sua linda fazenda Saco dos Cochos, no Cordisburgo de minhas férias da infância. Uma pneumonia derrotou suas derradeiras resistências. O primo Helano, junto com seus irmãos, cercado pelos muitos netos do tio, depositou suas cinzas nas beiras do Onça Velho, córrego que atravessa sua fazenda, em local pré-escolhido pelo "coronel", sob árvores que ele mandara plantar.

Ontem foi dia da missa de 7º dia do meu primo Helano. Ele foi morto, súbita e inesperadamente, por obra dessa gripe danada. Coisa mais injusta e assustadora. Foi como se a inimiga dissimulada, pressentindo-me em paranóia, expusesse suas armas. Ao que consta, após graves trapalhadas hospitalares, o primo encontrou um leito de CTI quando uma pneumonia já não se dispunha a lhe dar uma última chance. Não fosse a certeira saudade dos que tiveram a sorte de conviver com ele, o primo seria só mais um número nessa estatística meio macabra das vítimas da gripe suína, reflexo do despreparo e da agonia de nossos aparatos de saúde pública.

3 comentários:

  1. Grande Paulinho,

    Manhã de domingo, acordo cedo, tomo café, ponho a piscina para filtrar, e venho ler minha Folha de São Paulo dominical na internet, antes porém o vício ataca e começo ler os emails, hoje dá tempo de ler outros emails que não os ferozes de trabalho...e cá estou eu dando gargalhadas com a frase do Millor, mas então o assunto fica sério já se fala em sair da arena e nem é para entrar no PMDB (eu que sofro de MeMóRiaFeliz saco que perco o amigo mas não perco a piada) e lembro que ontem assisti no Youtube um filmentario em doze partes "Quem somos nós", uma mistura de física quantica, redes neurais, biologia molecular com cientistas falando como se fossem monges budistas, mas provoca reflexões em viver no previsivel torcendo pelo imprevisivel, vale a pena conferir enquanto a suína não vem...(enquanto a piada vale a pena...) Nu mais o dia e o mar estão lindios, feliz dia dos pais e beijos na Katinha e no Ique,
    Abraços,

    Du amigu Edu hoje da Bahia amanha du baixo-leblon

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  2. Chegou na Sra. Raíssa (Ri), minha embaixadora plenipotenciária em Bangu?
    Chegou bem. Conhecê-la foi a melhor coisa que me aconteceu em 2008. É um anjo de delicadeza e sensibilidade, anticorpo eficaz contra qualquer gripe - suína, bovina, dromedarina...Lembrei-me dela e de sua lente inquieta e criativa quando, no Tom Jobim, rumo a Porto Alegre, quase fui atropelado por um coloridíssimo cardume de japoneses, todos usando máscaras para se proteger (?) da gripe... Na volta, muito gripado, dei um espirro no avião e fui ejetado prá lá de deus me livre por olhares fulminantes!
    Beijão, compadre,

    Tutuca

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  3. Sinto muito, amigo. A perda de alguém querido, assim, dói e assusta.
    Beijo carinhoso

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