sábado, 9 de fevereiro de 2019


Hoje, no almoço, eu me deliciava com um poke, via delivery, que tinha como proteína salmão cru. Eu me sentia com um urso feliz sentado à beira de uma corredeira gelada e translúcida. De repente, senti-me mal. Fui tomado por uma grande dor.

De consciência.

Lembrei-me, com o coração alegre, de que ano após ano, a Katinha, amor da minha vida, fez até o impossível para que eu ao menos experimentasse a iguaria que ela adorava.

Eu sempre fazendo biquinho e cara de gastura, e eu pedia arroz com frango frito, coisas assim, e ela frustrada por não ter parceiro para dividir aquelas barconas que a deixavam com os olhos brilhantes. Vez ou outra ela pedia, comia meio aborrecida e trazia a sobra para nosso filho. Esse sim, seu parceiro gastronômico.

Senti foi vergonha e culpa, bem humoradas mas severas. Deu vontade de voltar atrás, ao menos para um jantar, mas dizem que na burocracia do astral os mortos nunca, ou quase nunca, recebem licença pra adquirir uma passagem de volta. Mesmo que no vapt-vupt.

Final carente de charme. Sabe como experimentei e aderi. Num restaurante prepararam meu prato com a carne errada. Quando descobri, já não quis trocar. E se reclamei no final, mas paguei, foi só pra não perder a pose.

Vou ali comer o que sobrou do almoço. Aceita? Você come salmão cru? Não, cara, não acredito. É tão bom. Basta não ser cagão, e experimentar as coisas. Que saco!

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