Hoje eu acordara meio enviesado, encarando a vida com olhar de "perro herido", como dissera o Neruda. Lembranças instáveis e vácuos esganando desejos e planos, tal uma madrasta malvada moída por ciúmes. Ando meio assim. É a fase, diriam uns; coisas da idade, rebateriam outros. Meu médico, descompromissado com meus devaneios sem valia, recomendaria um reforço no uso da maquininha que me ajuda a contrariar os truques malévolos do CO² preguiçoso que andou abusando da hospedagem que lhe dei.
Foi quando me chegou um email do amigo Pedro Paulo Cava, acompanhado de uma foto, pedindo ajuda na identificação dos personagens, coisa de um livro virtual de memória que ele pretende fazer. Putz, pensei, mais recuerdos, mais memórias num dia assim, desses que parecem sem amanhã. Mas, não. O coração deu uma sacudida de energia, a consciência estranhamente se alinhou rumo ao horizonte, o corpo reconheceu a postura do querer. Frágil mistério. Logo percebi que ali estávamos nós, naquele 1969, absolutamente certos de que o futuro dependia de nós. E era exatamente o onde e o como meu filho, Ique, hoje se encontra. A chegada da vida universitária prenhe de perguntas e esperanças, e acho que imbuído daquela mesma velha certeza sobre o futuro. Senti o quanto não devo, o quanto não tenho o direito de embaçar esse brilho em seus olhos.
Antes de ampliar a foto, pensei que o magrelo de camisa escura ao centro fosse o Murilo Antunes. Não era. Mas tenho a impressão que conheço a moça de blusa branca e óculos de aros largos e o cara que está na frente improvisando uma street dance. Mas, à direita, no cantinho, em primeiro plano, tenho certeza, pelo cabelinho inconfundível, é a Dilma!
ResponderExcluirBeijão
Paulinho, Além do Pedro Paulo e de vc, quem são essas pessoas? A vontade de reconhecer o bando dá uma certa aflição...
ResponderExcluirBeijão e lembranças minhas a toda a família.
Ana Zuleima.