O aniversário que comemoro hoje é de outra espécie, meio paradoxal, posto que começa de um fim imaginado, mais que isso, de um fim pressentido. Aniversário menos compulsório, desejado, não carente de comemorações. Aniversário que se basta na constatação. Há exatamente um ano a vida ameaçou parar. A respiração perdeu seus rumos, o CO² em ataques certeiros se apossou dos miolos e das entranhas. Pane e veneno. CTI às pressas, e a grande e longa batalha: vai, não vai... vou, não vou... vai, não vou... Meus amores na ante-sala pescrutando olhares e palavras de quem se dispusesse a contrariar as aflições. Não fui, fiquei, como se pode constatar com certa habilidade e percepção.
E esse ano, com jeitão de bônus, passou rápido, com brilhos novos. Vida meio replanejada, restrições que não chegam a aborrecer muito, o Bipap, maquininha fantástica, de aluguel caríssimo, velando por meu sono e por algumas horas do dia, insuflando-me ar nos pulmões, levando alento ao diafragma combalido. Hoje, qual uma mula vivida cerceada por antolhos, reaprendo a olhar em frente, a caminhar rumo ao adiante. E que assim seja. Ponto.
Alguns episódios daquele dia, e dos que seguiram,estão contados nos primeiros "posts" desse blog.
Vida longa!
ResponderExcluirBipap de minhas fibras...
Insufla-me a alma de letras oxigenantes...
Respiro calmamente e feliz a possibilidade de ter-te vivo.
Viva!
Beijos
Giselle Zamboni
Ah!, Gizelle, com amigos tão carinhosos sobreviver é tarefa mansa, doce horizonte. Beijão.
ResponderExcluirpaulinho, a sua doçura e determinação nos inspira...
ResponderExcluirobrigada por compartilhar um momento tão dificil... e obrigada por ter negociado com os entes divinos mais tempo pra nos iluminar...
vc e unico... ainda bem que resolveu ficar!
andreia
É isto aí amigão. Voce é uma daquelas poucas pessoas que vieram para mostrar que a rídicula passagem do assim chamado "ser humano" por este minúsculo e tão bonito pedacinho do universo não é um desperdício total. Muito bom para todos nós, que por maior ou menor "tempo" temos tido o privilégio de sua convivência.
ResponderExcluirCelson
Bônus nosso também meu caro Paulinho, que zelando por sua companhia podemos desfrutar de mais momentos de sua preciosa amizade.
ResponderExcluirAbração do Sunção.
Paulinho, meu Querido! A FELICIDADE É IMENSA EM TER VC AQUI. Há 1 ano Katita me ligou chorando: "Preta, acho que vou perder o Paulinho..." É meu Amigo, a DOR foi bem grande em experimentar tão de perto esta possibilidade.E QUE BOM vc tá aqui mais inteiro do que antes!!!!
ResponderExcluirBeijo Grande na Bochecha!
Marçoca.
Ainda bem que estamos comemorando a vida. VIVA! Ter você como amigo é uma dàdiva. Muitos beijos e vamos festejar. Regina.
ResponderExcluirGrande Paulinho,
ResponderExcluirSe já pode falar, já podemos comemorar e voltar a fazer humor!
Em minha atual tentativa de navegar em mares acadêmicos deparo com o seguinte texto de Mikhail Bakhtin: "... O perigo faz o sério, o riso autoriza evitar o perigo. A necessidade é séria, a liberdade ri. O pedido é sério, o riso nunca pede, mas o ato de dar é acompanhado de riso....." acho que nossa amizade nunca pede assim lhe dou uma certeza: o meu Paulinho é imortal....rs..
Edu marinheiro da Bahia
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ResponderExcluirTudo muito bem, tudo muito bom, esse oba-oba geral, mas eu mais uma vez me estrepei. Somando o do ano passado, já são quatro os necrológios do Paulim que escrevi. Em todo caso, como são textos mais ou menos extensos (enchi muita lingüinça para tornar sua biografia menos sofrível), dá pra juntá-los num livro de umas 1200 páginas ("Biografia de um que vive no faz que vai mas nunca vai") e tentar publicar para recuperar parte do prejuízo.
ResponderExcluirRegina, vê se esvazia a sua caixa de correio. Já voltaram centenas de mensagens que lhe enviei nos últimos 30 anos.
ResponderExcluirXará,
ResponderExcluirNo meio do turbilhão dessa minha vida cigana li emocionado mais esse presente que voce nos proporciona e pensei comigo mesmo: preciso de tempo para achar palavras.
Entre outras coisas achei a lembrança de "O Sétimo Selo", do Bergman e um comentário seu após a morte do José Martins- lembra-se dele?- , professor de violão : "Antes ele do que eu"
Ainda adolescente, negando a existencia de qualquer limite absoluto, fiquei assustadíssimo com seu humor. Voce ja estava anos luz na frente, mon ami, ja dialogava com a coisa.
Hoje, enfurnado na Mama África, ainda tento chegar perto enquanto redesenho a vida.
Suerte, muchacho.
PH