quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Essa grande mulher

Hoje, uma mulher extraordinária está completando 90 anos. E chega lá lúcida, arguta, valente, atenta e curiosa, predicados que sempre exerceu com o suporte de uma inteligência viva e generosa. No seu longo caminho ficaram os rastros de uma vida produtiva e útil, vida que, além da família, foi dedicada a trazer alento, esperança e apoio a uma imensa legião de pessoas pobres, e quase sempre desamparadas.

Casada com Dr. Jacy há quase 70 anos, ela criou seis filhos, dos quais dois já morreram, se desdobrou em dez netos, e agora, há um ano, numa bisnetinha, a Giullia. A morte de um de seus filhos, no início da década de 1970, produziu uma guinada em seus rumos. Para superar o infortúnio, fez de uma obra social o eixo central de sua vida. Investiu suas melhores energias, e parte substantiva de seu tempo, na implantação de um projeto que virou referência em voluntariado e em assistência gratuita à saúde fora da estrutura do Estado: o Ambulatório da Igreja do Carmo, aqui em Belo Horizonte, MG.

Sempre brinco, dizendo que ela desenvolveu um modelo raro de gestão, bem à mineira. Ela soube, como poucos, atrair e aglutinar voluntários, mas, o mais curioso, é a habilidade que desenvolveu para dispensá-los, o que é tarefa árdua. Acho que uma das chaves de seu sucesso foi esse modo, jeitoso, de dispensar os que não se dispunham a trabalhar em padrões mínimos de dedicação e qualidade, fossem eles profissionais de saúde ou atendentes. Tudo sem mágoa ou constrangimentos. Há alguns anos, a amputação de uma das pernas impôs a ela uma mudança de ritmo, mas, mesmo assim, durante um bom tempo ainda geriu aquela sua grande e maior paixão à distância. Agora, o salão de eventos da paróquia leva seu nome, e os companheiros e companheiras de trabalho -alguns a acompanharam por décadas!- sempre a estão reverenciando. Ela, e seu grande parceiro nessa longa viagem, o frei Cláudio Van Ballen, em verdade, se tornaram ícones de um modo de dedicação e atenção aos necessitados, com um mínimo possível de burocracia e badalação demagógica.

Morando, com seu velho marido e companheiro, no Centro de Convivência Prolongar, ela está feliz, fazendo da vida a mesma continuada aventura. Sempre que a visito, lá está ela, mergulhada em seus jornais, revistas e livros, fazendo recortes e anotações, ilustrando o mural da casa, se preparando para a troca de idéias com quem se dispuser a um bom papo, disposição não abalada nem pela audição que andou ficando preguiçosa. Os olhos sempre brilhantes, tem em Lula e Obama seus ídolos atuais, adora notícias sobre os progressos da medicina (sempre pensando nos quantos serão aliviados em seus sofrimentos), costuma escolher uma novela para seguir, e só, já que acha que ficar o dia todo diante da TV é jogar vida fora. De uns dias prá cá, ela anda se metendo com a internet, morrendo de curiosidade.

Essa mulher é uma grande e inesquecível figura. Ela é conhecida como dona Regina, e, com muito orgulho, revelo o óbvio: ela é a minha mãe.

10 comentários:

  1. Dá-lhe, dona Regina. Receba, pelo Paulim, um grande e carinhoso beijo!

    Tutuca

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  2. De um grande beijo na tia por mim,

    Jocelim

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  3. Parabéns D.Regina! Sempre com a carinha ótima!Tenho um carinho enorme pela sra!
    Beijo grande!
    Paulim, pra vc também, amigão
    Tiza

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  4. Parabéns D.Regina!!!
    A sra. é uma pessoa muito especial. Sou sua fã.
    Quando crescer quero ser parecida com a sra.
    Desejo que tenha um ano de boa saúde e muitas alegrias.
    Um beijo carinhoso,
    Aninha Caran

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  5. Paulo H. Resende Alves22 de outubro de 2009 às 14:06

    Longa vida para D. Regina e para seu filho tambem maravilhoso, meu xará e amigo do peito.

    Paulim Resende Alves

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  6. E assim comentou a Rejane Márcia Freitas de Oliveira (enviado por email):

    Oi Paulinho, é um privilégio ler um texto pleno de reconhecimento e
    admiração pela mãe. Tenho certeza que pelo que foi narrado ela merece.
    Feliz dela de envelhecer sendo admirada e não criticada (direito que a
    psicologia deu para nós mortais - os filhos). Parabéns para ela!
    Abraços, Rejane

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  7. E assim comentou o amigo Cid Velloso (enviado por email):

    Paulinho:
    Que surpresa sensacional, saber que D. Regina é sua mãe, principalmente com a história que você contou sobre ela. Eu conhecia de nome, pois sabia do ambulatório da Igreja do Carmo, onde muitos colegas meus trabalharam.
    Parabéns a D. Regina.
    Um abraço do
    Cid Velloso

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  8. E assim comentou a Marcinha (enviado por email):

    Meu Querido Cunhado, Afilhado e Amigo!

    Me senti Muito Emocionada por essa Homenagem, mais que isso, esse Desabafo de Amor!!! Essa Mulher, só tem que receber isso mesmo, reconhecimento; pois ela, na sua discrição mas forte presença e nos seus traços fortes refletindo tanta suavidade e ternura no sorriso e no olhar só pode ser Alguém muito Especial.

    Dê um Beijo Muito Gostoso nela por mim, aquele que te dou, com todo o meu carinho,

    Marçoca.

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  9. E assim comentou o Vitor Lemelle (enviado por email):

    Oi Paulinho.Me alegro de ver sua mae com essa cara jovial e feliz. E tambem com voce de querer partilhar isso com os amigos com tanto orgulho e satisfacao.Um abracao.Vitor

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  10. Parabéns Dona Regina! Comadre de minha mãe, outra grande mulher!
    Nosso carinho e nosso desejo de muita felicidade!
    Regina Castro

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