quarta-feira, 22 de julho de 2009

Querosene, por favor...

Vendo-me assim, Katinha exclamou, implacável: "deixa de ser exibido, ô Paulo de Tarso, fica na sua..."

Como de Tarso não sou, iludi-me pensando que talvez ela estivesse vendo em mim algum traço, mesmo uma sombra, daquele que se fez apóstolo, para os protestantes, ou santo, no conceito católico. Cabeça do cristianismo, possivelmente baixinho e deficiente físico, não conseguiu segurar a própria, decapitada, segundo consta, sob as ordens de Nero. Não, Katinha não pensara nisso.

Já sei, quem sabe ela se lembrou daquele outro Paulo de Tarso? Ex-guerrilheiro, ex-amigão do Zé Dirceu, ex-militante histórico do PT, ele foi expulso do partido lá pelos finais dos anos 90, depois de denúncias bombásticas sobre trambiques financeiros da cúpula partidária. Eu não estive nem próximo desse barulho todo, e se deixei de lado meu quarto de século petista, foi por minha decisão e risco. Saí de lá por desgosto, bem quietinho, com minhas próprias pernas, digo, rodas. De novo, não. Katinha, prudente, não cutucaria esse meu vespeiro.

Então, meu Lord Ganesha, de onde tal insinuação? Ganesha... novela das nove... de Tarso... capuz... ela estava é me enxergando naquele maluquete de quase todas as noites (e nem tenho aqueles belos olhos azuis, imagina se tivesse). Senti o baque. Pensei em como evitar esse vento que, dando razão ao que pressentiu a Katinha, anda apagando as lamparinas de meu juízo.

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