sexta-feira, 17 de junho de 2022


Postado no Facebook em 23 de maio de 2022

 Hoje, depois de muitos dias, fui ao quintal tomar sol e sentir o vento. Sempre amei o vento, da brisa aos redemoinhos, em sua misteriosa transparência. O vento sempre me intrigou com sua radical liberdade, nos abraçando, envolvendo, lambendo apenas quando e como quer. Os homens tentam criar o vento, mas passam longe de suas nuances e sutilezas. Para o bem ou para o mal, só o vento misturou civilizações e povos ao insuflar velas. Os contatos antes se limitavam ao alcance do caminhar ou dos remos. De minha cama, costumo observar a vida acompanhando o balançar das copas de nossos coqueiros. Logo que pude ter um carro adaptado, antes do fim da faculdade, e pude enfim me exercer sozinho, meu programa predileto era montar no fuska e subir para o alto das montanhas, que é o que não falta (ou não faltava) aqui nos entornos de Beagá. Fiz então do vento farto meu oráculo, e ele nunca se negou. Pensava nisso hoje, ali no quintal, quando do vento já não o tenho em tal fartura.


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