Reflexões e memórias de um diferente... e quem não é? E por assim ser, senhoras e senhores, o que lhes apresentar? Esse blOg dEfiCIenTe. Em verdade, vai aqui a retomada de um velho blog,adormecido há dois anos.
sábado, 9 de fevereiro de 2019
Acreditem. Meio amargurado, eu preparava uma postagem há mais de uma hora. Tipo um livre pensar. Mas o Facebook piscou e engoliu, sumiu. Já cacei, e nada. Só por pirraça, vou tentar reproduzir, ao menos em parte.
Agoniado com tanta injustiça, fiquei trançando assuntos, e esticando, em busca de puxar uma conversa. Desde ontem ando cansado, meio detonado por minhas encrencas respiratórias. Ressaca mais tardia da pequena devastação que a pólio deu de inventar para meu corpinho inda bebê, há 70 anos passados. Êta vírus safadinho e zoador. Há uma década, ou quase, vieram uns piripaques, uns inexplicáveis desmaios nos braços da zelosa mulher-amante, e fui tirar férias bem tensas no CTI do LifeCenter (só nessa trajetória já são causos e causos, para um dia).
Daí, herdei o hábito, digamos assim, de passar, em média, e incluindo-se sonos e cochilos, bem uma 12 horas diárias plugado pelo nariz em maquininhas inteligentes, malucas e carinhosas. Umas robozinhas do bem, hoje um Trilogy100, de aluguel caro pra dedéu (nem rima, nem solução) que a Unimed banca numa boa (e o SUS também, num processo mais complicado, por carência de recursos). Na ponta do lápis, a Unimed sacou que um ano de aluguel desse meu parceiro custa menos que uma semaninha de CTI, mesmo sem direitos a lagostas, open bar e um borbulhante de qualidade que não seja Sonrisal, esse liberado.
Antes de levantar essa tela, e mostrar outra, espero que tenham ficado claras as razões por que nunca posso basear, ou seja, ficar baseado na fumacinha matreira de um autêntico Damares, bem enroladinho e promissor de maluquices várias. Os meus ficam só apagados, embora uma fungadinha na capa já me deixe meio goiaba. Meu Jesus! Cuidado pra não cair.
Em frente. Talvez ali haja algo que possa interessar, puxar o cantinho da boca amargurada da amiga ou do amigo, tentando um esboço de sorriso. Misteriosamente, acordei do cochilo do pós rango com um nome latejando na cabeça: Julião de Albuquerque. Conhece, ou conheceu? Não? Sorte sua. Esse era, veja só, o pseudônimo que usei na juventude para me inscrever em concursos de poesias e contos, muitos. E que não se duvide da competência e do bom senso das comissões julgadoras: nunca puxei um prêmio, nem uma menção honrosa, nem tendo amigos na banca. Elas cumpriram, com garbo e zelo, a missão de proteger a literatura brasileira contra pequenos desastres. Glória!
Prossigo. De viseira. Que hoje não quero saber de política, economia, notícias, dessas merdas, que hoje quero mesmo é ficar abraçado, agarradinho e solidário com o meu guru Lula da Silva, mesmo daqui, rogando juntos todas as pragas contra esse bando de filhos da puta que não abrem mão de massacrá-lo. Tento manter a calma, e prossigo, porque navegar é preciso.
Eu tentava todos os concursos. Nos de dança, no Elite e por aí, nem aceitavam minha inscrição. Diziam que o requebrado com meus aparelhos ortopédicos eram um tanto ao quanto ridículo. Insensíveis. Nos raros concursos de humor, eu era um pouquinho melhor considerado. Talvez pelo pseudônimo charmoso então usado, e que viera dos bancos escolares e da mente criativa dos muitos e muitas amigos e amigas que me mostraram como era o paraíso, nos três anos que com eles convivi no Colégio Estadual Central, em Beagá, nos idos de 1966, 1967 e do extraordinário 1968. Se penso em crescimento pessoal, os três melhores anos dessa minha já longa vida, e outra inesgotável fonte de causos, se a memória não cumprir as ameaças que vem fazendo.
Ah, e o tal pseudônimo? Paola de Roterdam, a Louca.
Alguns amigos, ainda hoje, por vezes me chamam assim, e se cagam de rir. E nesse ítem destaco, e homenageio, um cara de memória persistente, e que fica fissurado em mim quando me chama de Paola. Esse sim, um imenso e consagrado poeta. Meu amigo-irmão há mais de meio século, Márcio Borges, filho de Maricota e Salomão. Uma peça. Quando podíamos engatar um papo, hoje raríssimos, entre gargalhadas empunhávamos saca-rolhas implacáveis, e arrancávamos causos, mentiras e videotapes da cabeça um do outro.
Em frente, posto que minha massa cerebro-goiabal amoleceu, as barragens em montante(!) do bom senso, da lógica e do compreensível estão por se romper, e os bombeiros estão ocupadíssimos com lamas mais relevantes. E vou me encostar, agora de modo resumido, na ideia que me movia ao iniciar a digitação dessas mal traçadas linhas.
O tema seria o perigo latente ao nos insinuarmos como contadores de causos, e o conforto gostoso que pode ser nos escondermos meio safadamente atrás de pseudônimos. Embora no diz-que-diz incessante da internet, esse recurso tenha ficado na saudade. O gatilho que gostosamente me fez pensar: o talentoso e belo ator norte-irlandês, Liam Neeson, se fodeu solenemente ao esticar um causo periférico numa entrevista daquelas que antecedem o lançamento de um novo filme. Generalidades e papos-furados.
Puxou na treinada memória, mas sem quê, nem pra quê, um causo velho de 40 anos, acho que ainda em sua terra. Uma grande amiga dele fora estuprada e agredida por um negro. Não sei se sobreviveu. Aí ele, dando de imprudente linguarudo na entrevista errada, foi contar que então pegou um porrete, e, sendo grande e forte, rondou o bairro dos negros durante três ou quatro dias, querendo encontrar o estuprador e matá-lo na porrada. Tipo um momento Bolsonaro em sua vida.
E o mundo lhe caiu sobre a cabeça. Ele parece ter ofendido a tudo e a todos. A festa de lançamento do novo filme foi cancelada, o tapete por onde desfilaria retirado, e ele, que não é burro, percebeu que se lançou no bíblico Vale de Lágrimas. E se meteu numa supliciosa fila de entrevistas tentando se justificar, pedir perdão a quem magoado se sentisse. Mas sabe que não será perdoado, nunca, como é próprio nessa indústria do entretenimento. Sei que a máscara que me esconde é menor que a do Robin (ora em separação litigiosa do arrogante Batman, mas essa é outra história) e que ando muito volumoso para me esconder atrás de novo pseudônimo. Mas, pensando bem, quem se interessaria em me processar, calar minha boca, a não ser os bolsonarinhos que já deixo repousar no meu coração.
Enrolei, enrolei, e não cheguei no causo prometido. É que fui tirá-lo do freezer, e observei que ele estava bem mofado por baixo. Pus na janela pra oxigenar, e logo logo ele poderá ser servido.
Palavrinha final: não suporto ver o Lula assim condenado à prisão perpétua, pena taxativamente proibida em nossa Constituição. A não ser, nos subterrâneos sem lei, para condenar traidores da pátria, terroristas e outros presos políticos. Para lá arrastaram o Lula, e me sinto profundamente infeliz por AINDA não poder tirá-lo de lá.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário