Rindo de nervoso... ainda
Reflexões e memórias de um diferente... e quem não é? E por assim ser, senhoras e senhores, o que lhes apresentar? Esse blOg dEfiCIenTe. Em verdade, vai aqui a retomada de um velho blog,adormecido há dois anos.
domingo, 1 de outubro de 2023
quinta-feira, 29 de junho de 2023
'Minha Ivone, minha Sirigaita Fulustreca Lambisgoia, minha querida amiga importada dos grandes sertões de Iriri-ES, deslumbrante e imortal porta-bandeira da escola de samba dos Saturnino . . . deixaste sozinho em plena avenida nosso mestre-sala Paulinho, deixaste arrasado na arquibancada a mim, seu mais fanático torcedor, deixaste desconsoladas pela vida afora suas dezenas de amigos e fãs. E por uma "besteirazinha de velho", como na segunda-feira, em seu leito no hospital, definiste a pneumonia que a acometera. Com esse seu risinho debochado que sempre me encantou e que pude, mesmo que em mensagem de texto via whatsapp, saborear pela última vez, encerraste em grande estilo a nossa deliciosa convivência desancando sem dó nem piedade a petulância dessa besteirazinha que ameaçava botar -- e botou -- água no nosso chope. . ." (texto do Tuca Zamagna, nosso amigo comum há mais de meio século)
sexta-feira, 17 de março de 2023
Postado no Facebook, em 17/03/23
Pinóquio, do Guillermo del Toro, é uma magnífica reverência à complexa arte da animação por stop motion. Nunca vi, em tal arte que me encanta, nada tão perfeito e emocionante. Em quase uma década de trabalho, del Toro e equipe produziram uma adaptação dramática da conhecida história, dando à versão fortes tons contra o fascismo. A meu ver, imperdível. E inesquecível. Vi, revi, e não pararei por aí. Vale a pena procurar e se deliciar com o documentário que registra a arquitetura e a construção paciente e dedicada do filme.
quinta-feira, 16 de março de 2023
Postado no Facebook, em 16/03/23.
Me organizei todo. Convoquei o táxi acessível para uma rara saída de casa. A meta era levar no braço minha porção de vacina bivalente, no Centro de Saúde Confisco. Apeei, entrei dando boa tarde a todos que me olhavam (sempre adorei fazer isso, mas estou desacostumado depois de anos desse recolhimento domiciliar). Até que a Linda, cuidadora que me acompanhava, voltou desapontada lá de dentro contando que era dia de paralisação. Eu havia checado o site da Prefeitura antes de ir, e não havia tal informação. Foi bom rever a rua e as pessoas anônimas, e a sempre sofrida lagoa da Pampulha. Quando fui chegando de volta, soube que houvera há pouco um assassinato na rua, e nem duzentos metros nos separava da cena. Em casa, tomei um cafezinho recém coado, respirei fundo e fui ver o que acontecia mundo a fora.
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
domingo, 22 de janeiro de 2023
No meu Facebook, em 20/01/23
Velozmente, o Brasil vai se tornando uma imensa Las Vegas digital. A jogatina, dissimulada nos variados "bets", tomou conta, e se torna uma das principais patrocinadoras, e não só nos esportes, pois vem se fazendo uma bóia para adiar o afogamento e a falência de veículos da mídia tradicional.
Pensei nisso ao ver o derrame de grana dos investidores Ronaldo Fenômeno e do matreiro Rivaldo na campanha da BetFair, à qual estrelam com o sorriso de muitos lucros.
Até meu Coelhão, vejam só, agora estampa no manto sagrado um novo "Bet", como principal patrocinador.
Eu não saberia listar, no momento, a já longa fileira de sites gulosos, salivando pela grana popular, mesmo daqueles mais humildes. Basta sonhar com os milagres da sorte, vendidos como se fossem atributos de todos.
Mas não se exige esforço para encontrá-los. Olhemos as propagandas nos estádios, na mídia, em sites de todos os tipos e vertentes ideológicas, e onde mais se possa seduzir nosso lado mágico. A proibição da jogatina no país, vigorando desde o Estado Novo, hoje é pouco mais que implicância nostálgica contra os bicheiros e seus anotadores.
Se a @Caixa monopoliza a jogatina profissional, que move fortunas, em nome de investimentos sociais, o que era o submundo, resolvido em disputas sangrentas, agora aflora nesses sites. Quase sem intermediários ou seguranças prontos para o que desse e viesse.
Os donos, aqueles que hoje mais lucram, são investidores que se resolvem em cotas e ações nas mesas do deus mercado, e o dinheiro gira em sofisticados algoritmos, que gerem as apostas, com frequência alocados em misteriosos recantos mundo afora. E nós, os apostadores na gama quase infinita de jogos ofertados, acessamos as portas de entrada através de sites bancários. Ali, como se comprássemos fichas ou bilhetes, fazemos os depósitos e, em raros casos onde não insistimos nas apostas, retiramos o dinheiro eventualmente ganho.
Quem arrecada esse tsunami de grana pingado por milhões de pequenos apostadores? O governo recebe os impostos que na certa seriam devidos? Onde? Nos paraísos fiscais? Alguém acompanha esse assalto à economia popular? Onde saber quem são os donos de tamanha farra? Tomara que o governo #Lula, com brevidade se disponha a investigar tal filão, e revele à opinião pública a face misteriosa dessa mutreta que cresce que nem erva daninha.
segunda-feira, 15 de agosto de 2022
Postado no Facebook em 13/08/22
Maria Cristina Mendonça Teles, Marcelo Passos e outras 15 pessoas
terça-feira, 26 de julho de 2022
(postado no Facebook em 24/07/22)
Estudiosos sobre a extrema-direita em todo o planeta convergem para uma mesma percepção. O Brasil, com a derrota de Trump, nos EUA, tornou-se a derradeira bóia viável para se salvar no mar agitado em que esses movimentos ora se encontram. A Hungria é uma mera ilhota, e muito civilizada para o gosto da barbárie bruta. Toda a atenção, e apoio, dos radicais de direita estarão voltados para as eleições brasileiras, especialmente as presidenciais. Steve Bannon, à beira do xilindró, já declarou que o #Lula é o inimigo mais perigoso no mundo. E, além disso, Bannon vem constituindo o filho 04, o Bananinha, como uma nova grande liderança internacional. Em 2018 eles nos surpreenderam com seus jogos imundos nas redes sociais. Dinheiro não falta para seus laboratórios de maldades e baixarias produzirem novidades. Existe um alento no fato da justiça eleitoral estar mais alerta e combativa. Estamos a vinte dias do início oficial das campanhas, e elas serão tensas e estressantes, mas, espero, elas nos encontrarão fortes e calmos. Preparados pra vitória.
sexta-feira, 17 de junho de 2022
Postado no Facebook em 07 de junho de 2022
No Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, o jornalismo corporativo abre campanha em defesa do jornalismo profissional. Clara tentativa, algo desesperada (o #JN foi aberto com os âncoras em longo e patético silêncio), de delimitar território no imaginário público e na atenção da justiça sobre o sentido de responsabilidade e seriedade.
Postado no Facebook em 06 de junho de 2022
Como o Breno Altman, sou radicalmente contrário a qualquer restrição à liberdade de expressão. Nada deve ser tolhido, nada, embora possa ser punido, à posteriori, nos termos da Constituição e da legislação em vigor.
Postado no Facebook em 23 de maio de 2022
Hoje, depois de muitos dias, fui ao quintal tomar sol e sentir o vento. Sempre amei o vento, da brisa aos redemoinhos, em sua misteriosa transparência. O vento sempre me intrigou com sua radical liberdade, nos abraçando, envolvendo, lambendo apenas quando e como quer. Os homens tentam criar o vento, mas passam longe de suas nuances e sutilezas. Para o bem ou para o mal, só o vento misturou civilizações e povos ao insuflar velas. Os contatos antes se limitavam ao alcance do caminhar ou dos remos. De minha cama, costumo observar a vida acompanhando o balançar das copas de nossos coqueiros. Logo que pude ter um carro adaptado, antes do fim da faculdade, e pude enfim me exercer sozinho, meu programa predileto era montar no fuska e subir para o alto das montanhas, que é o que não falta (ou não faltava) aqui nos entornos de Beagá. Fiz então do vento farto meu oráculo, e ele nunca se negou. Pensava nisso hoje, ali no quintal, quando do vento já não o tenho em tal fartura.
sábado, 19 de junho de 2021
04/06/2018. Katinha, amor da minha vida, completa seus sessenta anos. Mais linda, digna e altiva que nunca. Parece uma deusa. É uma deusa. Minha deusa, que desse seu tempo de vida dedicou quarenta e dois anos buscando fazer do ser miudinho que vos fala um ser humano pleno, realizado, feliz. Feliz como poucos dentre os bilhões que se equilibram sobre a casquinha dessa bolota maluca que gira no nada, rumo ao nada infinito.
No último ano e meio da vida de meu grande amor, tal triste pincelada do destino, um câncer abdominal se intrometeu em seu corpo, em nossas vidas. Tempo de uma luta tenaz, não raro insana, contra os rigores e as malvadezas da doença traiçoeira.
Hoje, com a valentia de sempre, sem queixas, lamentos, sem resquícios de vitimização, Katinha, meu amor, está ferida, frágil, extenuada. Seus olhinhos cansados, suas poucas palavras não ambicionam nada além de repouso e paz.
Com o apoio efetivo do Atendimento Domiciliar em Cuidados Paliativos da Unimed (em especial o doce carinho do Dr. Zé Ricardo e da enfermeira Mônica), construimos aqui em nossa intimidade, ambiente que nosso amor montou entre pequenos gestos de nossos cotidianos, um ninho forrado de afetos familiares onde ela, eterno amor de minha vida, vem podendo encontrar o silêncio e a paz de que tanto precisa.
Presente de aniversário, peço uma reza aos que são de reza, um pensamento positivo a todos, e em especial aos que a conhecem, amam e já partilharam de seus encantos. Coisa simples, singela, apenas desejando que ela tenha paz e repouso.Tenham certeza de que minha Katinha merece todos vossos melhores sentimentos.
Uma pequena consideração mundana. Sendo uma mulher forte e marcadamente visceral (não por acaso o câncer foi lhe disputar as vísceras)), seu adoecimento não é estranho à toda profunda indignação e revolta que ela sentiu com os desdobramentos do Golpe de 2016, com a queda da presidenta Dilma e, ultimamente, se entristecia muito com a perseguição ao presidente Lula, nossa admiração comum. Pra ela, tão íntegra, foi impossível digerir os fatos e as esquisitices obscurantistas de muita gente que ela ama.
Ela sabe que a vida é dura e perigosa. Ela me ensinou isso em milhares de pequenas, e inesquecíveis, lições. Em seu nome vou cravar nossa esperança, nossa briga do momento: #LULALIVRE
terça-feira, 12 de janeiro de 2021
Postado no Facebook em 12/01/21
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
Tem hora em que a velhice é mesmo uma titica. Cá estou, postado diante da TV, determinado a ver a longa live do #Alok, que, confesso, eu não sabia de quem se tratava. Fui no embalo e na curiosidade. Passada meia hora, e faltando outras três, me rendo... ao enfado. Não entendi o que ele faz lá, mergulhado em luzes pseudo-psicodélicas, e em caríssimos testemunhais publicitários. Me pareceu um Ratinho, ou uma Ana Maria Braga futuristas. Na próxima vez, havendo, virei chapado para talvez reavaliar minha caretice.
Postado no Facebook, em 22/12/2020
terça-feira, 15 de dezembro de 2020
Essa moça bonita, e muito calma, é garçonete do Ah! Bon, no Diamond Mall, BH. Ela trabalha lá há muitos anos, e sempre se antecipava para nos atender. As simpatias eram mútuas, e os sorrisos sempre presentes.
Desde que a Katinha, amor da minha vida, morreu, e lá se vai ano e meio, eu nunca mais voltara ao restaurante. E era um lugar em que nós íamos com grande frequência, nos fins de semana. Comida ótima, ambiente acolhedor.
Hoje bateu vontade meio saudosa, o Ique, nosso filho, topou me acompanhar, e fomos. Estava bem cheio, mas apareceu uma mesa. Nosso filho se sentou, eu me acomodei (uma vez que já cheguei sentado), e a amável garçonete logo se aproximou. Depois dos cumprimentos, ela puxou um pouco para trás a cadeira a meu lado, e ficou olhando em torno.
Eu lhe disse, de mansinho:
- ela não virá mais!
Inteligente, rápida, ela me olhou nos olhos, voltou a cadeira para o lugar, e vi o brilho solidário em seu olhar umedecido. Um pequeno silêncio. Segurei meu choro, pedi uma caipirinha, e ouvi rápidas e suaves palavras de solidariedade e consolo, vindas do fundo de sua alma, provavelmente evangélica. Trocamos sorrisos de compreensão, respiramos fundo, e restabeleceu-se a ordem previsível no lugar.
Fiquei matutando entre golinhos da caipirinha bem tirada. Achei incrível que nem por um segundo tenha passado por sua cabeça que se tratava de uma separação, coisa assim. Eu sem a Katinha, ficou o subentendido, a morte haveria de ter se intrometido.
Semana passada, no zap, eu dizia à minha amada Marcinha, cunhada e madrinha de casório, como a tristeza crescia nessa época do ano. Mesmo não sendo nada natalino, nunca fui, o buraco no peito de tanta saudade da minha Flô, nessas viradas de ano, ameaça ser maior que o próprio peito.
Acho que estou entendo mais o recadinho que a Marcinha me mandou:
"pois é meu querido... imagino o quanto é difícil... mas sabe de uma coisa? o tanto que vc e Katita pareciam 1 só, vc tá indo muito bem nessa vida!" E mais não disse, nem carecia.
Postado no Facebook em 15/12/19
Eu atualmente quase não saio de casa. Quando saio, especialmente quando não se trata de cuidar da saúde e derivados, cada coisinha tem que gerar suas histórias. Sou conversador e sempre fui viciado em gente e em seus causos, verdades e mentiras.
Dizem que fui clonado de minha finada mãezoca, mas que algum choque inverteu os circuitos. Dona Regina era calada, discreta, prudente. Eu saí barulhento, exagerado e imprudente. Ela contava que desde que comecei a falar, mesmo já atingido pela pólio e suas lutas, eu era conversador, exibido, ia para os braços de quem se oferecia, e sedutor. Mãe é bicho danado de esquisito, quando o assunto é o que lhe foi gerado no ventre, ou mesmo gerado em sonhos adotivos.
Baixando a bola para mais um casinho de shopping. Eu havia me decidido a esfaquear a barriga de minha dieta, e, sob o trauma, matar o desejo anual de comer pannetone. Mas tinha que ser Bauducco, por exigência. E lá fomos para a Casa Bauducco.
Olha daqui, confere dali, e eis que me socorre uma mocinha linda, uniformizada, com uma daquelas bandejas, ou balaios, penduradas no pescoço, parecendo baleiros dos cinemas de ontem, oferecendo uma degustação, e recitando as virtudes de seu produto. Disse eu:
- gostoso demais. Comprei um do Verdemar, mas achei estranho, seco demais.
Disse ela:
- veja a diferença. Tem que ser assim molhadinho.
E eu:
- é, tem que ser sempre molhadinho. Assim que é gostoso.
Antes de terminar minha tréplica, senti que o botão da sacanagem tinha sido involuntariamente ligado. Só assuntei com o rabo de olho, e vi um certo constrangimento na cara da linda mocinha. Pressenti que, sem querer, eu havia vazado algum limite da convivência respeitosa e das boas maneiras.
Fazer o quê, meu pai Oxalá, se a degustação estava mesmo molhadinha e gostosa. E eu fora convencido a comprar o produto. É o tom. Já ouvi muitas vezes que carrego uma safadeza crônica na fala e no olhar. Saibam que isso é deslavada mentira, mas se, por acaso, for um pouquinho verdade (não acredito), terei que me cuidar. Coisas crônicas se agudizam com a velhice, e deve ser bem desagradável pegar a fama de velhote perverso, em companhia de quem melhor não ficar sozinha. Na linguagem de antanho se dizia velho tarado. Cruz credo. Quero ter um fim de vida calmo, meditativo, empático, compassivo, se possível com uma cara de Buda (atenção! Eu disse Buda).
segunda-feira, 23 de março de 2020
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
Soluço na eternidade do infinito
terça-feira, 17 de dezembro de 2019
O SUS merece seu respeito e sua defesa
Excludente de decência
Anjinhas e anjinhos merecem um amanhã, concorda?
E que uma doce paz cubra, como se escudo fosse, o futuro dos que chegam, só trazendo amor e alegria, nos responsabilizando pelo amanhã.
Sempre adorei, e acho que sempre adorarei odes escandalosas e mulheres exageradas (embora tenha vivido de modo recatado e do lar). Quando vi a farta Gaby Amarantos, com a Duda Beat, apregoando os encantos e virtudes daquele recanto encantado que os repórteres policiais denominam genitália feminina, senti arrepios que invadiram meus mais recônditos segredos e desejos. Ufa!!! A reverência orgulhosa e o reconhecimento das infindáveis diferenças entre cada desenho anatômico, como se digitais femininas fossem, são mantidos, sabe-se lá por quantos séculos de pudores, como assuntos indevidos, pecados, medos. Eis que chegam mulheres exageradas, montadas em escandalosa poesia, e arejam o cenário e, tomara, as auto-estimas.
quinta-feira, 21 de novembro de 2019
sábado, 9 de novembro de 2019
sábado, 12 de outubro de 2019
Sem foguetórios, todos comemoram
Só sei que aqui, no abafa e na intimidade involuntária das cidades, tais foguetórios servem mesmo é pra estressar, criar nervosismo e até pânico em seres, homens e bichos, que se abalam com tais estampidos.
Autistas, acamados, a maioria dos cães e gatos domésticos (que não conseguem fugir da cena), pássaros nos ninhos, e nem imagino quantos mais.
Comemorar, homenagear e orar de modos mais silenciosos devem ser ítens obrigatórios em qualquer novo pacto de civilização.
Sacerdócio é coisa de branco?
Entre amigos e inimigos, não são raros os que acham que minha mente ficou por lá. Costumo concordar. Mas o corpo, pobre corpo, esse foi se acabando na faina insana, e interminável em vida, de arrancar folhas do calendário.
Mas, o papo é outro. Fui criança adestrada na religião católica, e cheguei ao honorífico cargo infantil de presidente da cruzada eucarística da paróquia do Carmo, aqui em BH. O passado condena.
E pra esse passado viajou minha cabeça, nesses dias em que na mídia vaza catolicismo. Senhoras de Nazaré e de Aparecida, Santa Dulce, miudinha e fogosa, e até o contestador Sínodo sobre a Amazônia, no Vaticano, ganhou espaço.
Viajei de fasto pra matutar sobre algo meio assustador, mas explicável sem cansaço. Moderninho, escaneei minhas memórias infantis, tanto das práticas religiosas, quanto dos anos de tortura, digo, de educação em colégio católico. Fui e voltei, fui e voltei, e nada de encontrar sacerdotes e derivados pretos.
Eram europeus ou brasileiros filhos escolhidos de famílias abastadas ou, em menor número, egressos da classe média branca.
Hoje, na fartura efêmera de catolicismo na TV, e me refiro aos eventos pátrios, a gente vê padres e diáconos pretos em quantidade. Embora, para eles, a escalada na hierarquia esconda paus de sebo. Poucos escalam com sucesso.
Naquelas lembranças infantis, em especial nos grotões que eu observava fascinado, havia sacristãos pretos, que com frequência também eram mestre de folguedos, ou velhos curas solitários, alguns já com traços mulatos. Coisa da roça.
Os pretos reprimidos, como logo se veria, em suas vocações sacerdotais (um mistura de misticismo com ascensão social), vieram socorrer a Santa Madre na crise vocacional, e abriram, no mesmo gesto, o exercício sacerdotal às classes mais populares.
E, com isso, outro serviço prestado, abriram os olhos católicos, em especial dos comandantes, para uma das chaves da extraordinária explosão das igrejas neopentecostais, e seus convites à ascensão de celebrantes populares. Muitos pretos entre eles.
Agora, o sufoco das vocações femininas, na misoginia católica, mas não só, isso é bem mais que outro capítulo. É outra história. E das tristes.